segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Débora Fonseca: A escravidão do ponto!

A escravidão do ponto!

Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará! 
João 8.32

O que nos define como pessoa?
A parte ou o todo?
O conjunto ou o elemento?
O sentimento ou a escolha?
Um desejo ou todos os desejos que possuímos?

Atendendo constantemente a vidas que buscam restauração na sua sexualidade, percebo quanto o diabo quer a todos escravizar num modo limitado de se perceberem.
Eis que todos fomos criados como seres humanos, completos, plenos, vastos, cheios de vida e de maravilhosas e formidáveis características que compõem a nossa personalidade.
Vejo porém, quanto o inferno quer nos reduzir à uma tacanha escravidão, tentando impor a todo tempo uma existência restrita a um único e singelo ponto de nossas vidas: aquele que mais nos desagrada!

Volto a perguntar,
O que nos define como pessoa? 
O ponto ou o seguimento? 
Uma estrela ou o universo? 
Quem somos?

Tomo por exemplo o amado ou a amada que se sente incomodado com suas atrações homossexuais e voluntariamente não as quer vivenciar.

É possível afirmar que ele(a) seja apenas suas atrações? 
Sua vida se resume às suas atrações sexuais?

Parece que, entre outras coisas, dependerá da projeção, do peso, da importância dada a elas!
Permitida uma dimensão maior ao ponto, todo o resto fica em segundo plano. Pasme! O resto que falamos, é... sua existência, sua vida.
A medida que o ponto é enxergado apenas como um ponto, perderá gradativamente a força concedida pelo próprio indivíduo e o resto finalmente ganhará espaço para emergir.

O que emergirá de você?
Sonhos, projetos, outros desejos, outros sentimentos, outras atrações... O que virá a tona?

`Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará´ 
(João 8.32)

Conheça a verdade sobre JESUS e sobre VOCÊ e seja livre! Livre da escravidão do ponto!

De que modo?

Aceitando-se, amando-se como pessoa, como um todo!
Satirizando um pouco, posso afirmar que, com o tempo você perceberá que até peca em outras áreas, não somente naquela que tenazmente quer se libertar.
Respire! Ame a Jesus! Ame-se! E prossiga em sua jornada de fé, crendo na fidelidade dEle! (Fil.1.6)

Fica na paz!

Débora Fonseca.
www.luznanoite.com.br

terça-feira, 22 de julho de 2014

Débora Fonseca: Qual é o seu preço?

Qual é o seu preço?

"Nada vale, nada vale, diz o comprador, 
mas indo-se, então, se gaba." (Provérbios 20.14)



Tudo tem o seu valor!

Tudo tem o seu valor, no entanto, se saímos às compras, tão logo entremos no processo de negociação, pechincharemos até conseguirmos, com descontos e parcelamentos, a depreciação do valor real do objeto que compramos. Ao final, saímos exultantes, nos gabando do preço alcançado.

Traçando um paralelo...

Todos temos o nosso valor!

Fomos criados à imagem e semelhança de Deus! Em diversos trechos das escrituras fica demonstrado o quanto valemos para Deus: Salmos 139.13 a 18; Tiago 1.18; Salmos 8.4 a 5; entre outros.
Porém, o inimigo de nossas almas não quer que acreditemos nesta verdade. Ele nos assola, tentando depreciar, menosprezar, rebaixar nosso valor dizendo: `nada vale, nada vale...´
Ele usa instrumentos variados para demonstrar e provar que nada valemos, para achatar nossa autoestima, para destruir nossa identidade em Cristo, para nos fazer acreditar que não somos nada, que não temos valor, que não prestamos... O bullying é uma arma poderosíssima neste sentido, especialmente quando usada por quem tem alguma representação afetiva ou de autoridade para nós.
E quando satanás alcança seu objetivo, ele se vai, gabando-se!

O sangue derramado por Jesus na cruz restaura porém o nosso senso de valor nEle!

Sim, somente o sangue tem este poder, de restaurar o nosso senso de valor, a nossa dignidade em Cristo. O alto preço pago por nossas vidas enfatiza o quanto valemos para Ele.
NEle, nossa existência volta a fazer sentido, e, a consciência de propósito é restaurada!

Qual é o seu preço?

Satanás barganhou você nos mercados da vida? (Apocalipse 18.11 a 13), te fez acreditar que nada vale, nada vale? Não importa! Jesus paga o preço! Ele te redime! Traz você de volta para os braços do Pai de onde nunca deveria ter saído! E como seu valor é alto, Ele faz isto com Seu próprio sangue! Este é o seu preço: o sangue!
José passou por esta desastrosa circunstância. Foi mercadejado, vendido pelos irmãos, seu preço foi achatado, desqualificado para o de um escravo, anônimo, despatriado, sem família, sem origem, mas Deus, na sua fidelidade, o redimiu, o resgatou e o restituiu ao lugar de honra condizente com seu valor em Cristo: governador do Egito!
Na sua misericórdia e bondade fez muito mais, converteu o mal em bem, (Gênesis 50.20), e preparou José para este momento de sua vida!

Isto nos leva a concluir que o resgate sempre é possível!

Querido(a),
  • O que você pensa e sente sobre si atualmente?
  • Acha que sua vida é um equívoco?
  • O inimigo te fez acreditar que sua trajetória nada vale, nada vale?
Saiba que o mesmo Deus que te ordena amar ao próximo como a ti mesmo, é Aquele que te capacita, com o sangue, a exercitar o amor próprio! E mais, ele converterá todo o mal feito a você em bem, para a Glória dEle, por você e para que muitos sejam alcançados! Creia!

"Pode confiar no Senhor. Ele sabe o que faz. Ele sabia o que estava fazendo quando criou você." 
(Marcelo Aguiar, O Segredo da Auto Estima. Ed. Betânia.)




Débora Fonseca
www.luznanoite.com.br
Coordenadora do Ministério Luz na Noite desde 2001

terça-feira, 10 de junho de 2014

Débora Fonseca: Lições da Fornalha!


Lições da Fornalha!

"...e qualquer que não se prostrasse e não adorasse seria lançado na fornalha de fogo ardente." (Daniel 3. 11)

Em algum momento de sua vida, você se sentiu como que lançado em uma fornalha de fogo ardente?

Como se as coisas estivessem caminhando com lutas, (é claro, quem não as tem...), mas, também, com perspectivas e esperança, e, de repente, você se vê lançado, jogado, arremessado no espectro da desolação. E o fogo arde em seu corpo, queima suas entranhas, derrete sua alma, fazendo você questionar tudo e até mesmo a sua fé em Deus!
Sadraque, Mesaque e Abede-Nego já haviam passado por grande provação quando retirados de sua terra natal e lançados em meio ao império babilônico. Sobreviveram porém, juntamente com o amigo Daniel. 
Não apenas sobreviveram; venceram, e, venciam quando, novamente, foram provados. Poderiam fugir e negar a fé, diante da ameaça e da fúria do rei, mas não se intimidaram e assim novamente foram lançados, agora, porém, na fornalha de fogo ardente.

Que lições podemos extrair desta passagem?

1a. Lição: O Quarto Homem não está fora da fornalha, mas em seu interior! 
Muitas vezes, oramos e cantamos que queremos Deus, que queremos estar no centro de Sua vontade, que queremos intimidade com Ele e não percebemos que estar no centro da vontade de Deus, ou estar com Ele, é estar no interior da fornalha.
Que local estranho para passear e conversar com alguém, para se gerar intimidade!!! Porém, é neste lugar que Jesus está. No calor do sofrimento, na ausência de expectativas humanas, de esperança, o Deus Emanoel se revela, instruindo, consolando e principalmente, amando. 

2a. Lição: A fornalha nos purifica e nos liberta!

Quantas vezes o rei mandou que a fornalha fosse aquecida? Sete vezes mais do que se acostumava. Sete, no simbolismo bíblico indica perfeição. É nas lutas e nas provações que somos aperfeiçoados. 
Aqueles que não estão neste propósito não suportam o calor deste fogo. Veja o que acontece com os homens que lançam Sadraque, Mesaque e Abede-Nego dentro da fornalha, (Daniel 3.22). 
Em contraste, o versículo 27 mostra que, os sátrapas, prefeitos, governadores e os conselheiros do rei viram que o fogo não teve poder algum sobre os corpos de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. 

É que o poder que eles procuravam era o da destruição enquanto que o poder do fogo de Deus é o da cura, da santificação, do aperfeiçoamento, da restauração! 

Contudo, a fornalha não somente nos purifica. Ela também nos liberta. 
Os homens foram lançados atados com suas roupas e apetrechos dentro do fogo, porém na fornalha e com Jesus eles estavam soltos, livres, passeando, sem nenhum dano.

Na fornalha não precisamos de mantos, túnicas, chapéus ou outras vestimentas que cubram a nossa intimidade. Na fornalha, diante do Mestre, as máscaras caem por terra. Somos o que somos! Ele nos liberta!

De fora, ficam o status, a falsa proteção, a imagem que ostentamos. Na aflição revelamos quem somos e a natureza da nossa fé! Temos a escolha de cumprir o Seu propósito! Glorificar Seu nome! E servir de testemunho vivo aos espectadores!

Que Deus nos capacite a fazer a escolha certa!

3a. Lição: A fornalha não é um local para se morar!

Enfim, a prova acaba! Chega um momento em que somos convocados a sair para que o nome dEle seja glorificado e o testemunho seja dado a todos.
Fornalha cujo fogo não morre é no inferno e nós não pertencemos a este lugar, nem tampouco Deus para lá nos envia, pois não é este o tipo de fogo que ele permite aos seus eleitos.
Sua prova findará meu amigo(a). Fique firme! Persevere! Não titubeie! 
Não somos dados lançados a esmo[1]! Para tudo há propósito e um tempo determinado! (Ecl. 3.1) 
A circunstância em si, e, as vidas de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego pareciam abandonadas sob o tirânico controle de Nabucodonosor... entretanto, nenhum deles estava em esquecimento diante de Deus... (Lucas 11.06). 
Creia! O inimigo que, sob a permissão de Deus, te lança na fornalha, por ordem dEle, como que por ironia do destino, te convocará a sair... `pois não há outro deus que possa livrar como este.´ (Daniel 3.29b)


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[1]Origem da expressão: Alea jacta est!, “os dados estão lançados“; aleatório, que quer dizer “ao acaso”; Daba tiros al azar quer dizer “dava tiros a esmo, ao acaso”.


Débora Fonseca
www.luznanoite.com.br
Coordenadora do Ministério Luz na Noite desde 2001

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Débora Fonseca: Jônatas, o príncipe da Graça!

Jônatas, o príncipe da Graça!

`Despojou-se Jônatas da capa que vestia e a deu a Davi, como também a armadura, inclusive a espada, o arco e o cinto.´ 1 Samuel 18.1 a 5

O que queremos numa amizade?

Sermos supridos de algo que faltou na relação familiar? Um abraço negado, um beijo quentinho não selado, um elogio nunca elaborado, um diálogo e atenção não despendidos, proteção, segurança, intimidade...
Será lícito transferir para amigos e amigas a expectativa de sermos saciados por algo que não aconteceu em nossa família?
Davi tinha 07 irmãos de sangue, porém, ao que se percebe nas Escrituras, nenhum de alma. (1 Samuel 17.13, 28 a 30)
Deus, em sua providência, capacitou Davi com força necessária para, sozinho, derrotar um leão, um urso e um gigante, porém, quando inserido nos domínios de Saul, deu-lhe um irmão de alma: Jônatas! (1 Samuel 18. 1 a 2)
Deus conhece e supre nossas necessidades!
A jornada a ser percorrida até que Saul fosse destronado apresentava-se longa e exaustiva, tanto no aspecto emocional e espiritual, com sucessivos altos e baixos, diferente das enfrentadas com os animais selvagens e o gigante filisteu.
Jornadas longas requerem apoios longos... pacientes, sistemáticos e principalmente, incondicionais. A opressão pode ensandecer a qualquer um. (Ecl. 7.7)
Deus na sua bondade, deu a Davi o apoio necessário para esta batalha: o amor e a amizade do príncipe Jônatas!

Para cada batalha um recurso diferente!

A bíblia diz que Jônatas amou Davi como à sua própria alma e este amor o levou a despojar-se de sua armadura (sua proteção) e também de suas armas de ataque: a espada e o arco.
Após o despojamento, Jônatas deu a Davi tais artefatos entregando também o cinto. O cinto parecia ter várias utilidades para o guerreiro, entre elas, manter fixa a armadura e ser o local em que a espada ficava segura.
Perceba que Jônatas não apenas se despojou dos artefatos de proteção e de ataque, mas também os deu a Davi e com eles igualmente o cinto, demonstrando que se tornaram desnecessários diante da escolha de amar, de tornar-se vulnerável, desarmado, sem máscaras.
Jônatas se aliança com Davi. E esta aliança é celebrada e renovada periodicamente no Senhor. (1 Sm. 20.23; 20.42; 23.15-18)

Alianças espirituais são diferentes das alianças carnais!

Certamente por ser fundada em Deus, e não neles mesmos, não há o medo da perda, a insegurança afetiva, a neurótica cobrança por atitudes e declarações que afirmem a todo tempo que a relação é exclusivista.
Quando estamos com medo, é comum nos armarmos, usarmos máscaras, armaduras, atacarmos para nos defender de circunstâncias imaginárias.

Delírios de uma alma esfaimada...

Jônatas propõe para si, uma caminhada diferente com seu amigo. Embora especial, a amizade e o amor destes homens não apresentam contornos românticos, platônicos, ou sensuais. Jônatas se despe de sua armadura e se dá a conhecer, mas não no plano erótico.
Davi e Jônatas não são namorados, não estão apaixonados um pelo outro, não estão tendo um caso. O comprometimento firmado entre eles não se dá neste nível.
Até haveriam elementos para isto, pois Davi parece receber de Jônatas um olhar diferenciado do que recebera de sua própria família. (1 Samuel 16. 1-13).

Olhar de quem ama no Senhor, é interessado e até compenetrado, porém, puro.

Davi foi olhado, notado e extremamente considerado por Jônatas, porém, entre ambos não há a excitação do flerte hipnótico ou da paquera cifrada.
Não há o ardil da manipulação, o sufocamento da posse, ou o transe do encantamento. Davi não é de Jônatas. Nem Jônatas é de Davi. A atmosfera da sedução não se encontra presente nas entrelinhas de seus diálogos e olhares. A cumplicidade do ilícito não se faz presente.
Estes homens não se aliançam como objeto de desejo um do outro. Não ardem em ciúmes, não se inflamam buscando o próprio interesse egocentricamente. A admiração mútua não se desvirtua em inveja e débeis tentativas de introjeção do que é do outro.

A proposta de Jônatas e Davi nesta relação é outra!

É uma amizade despojada, embora, prudente. (1 Sm. 18.05)
Uma amizade que respeita a identidade alheia e ainda estimula o seu crescimento (1 Sm. 23.16 a 18). Que se importa e faz o necessário (1 Sm. 19.1 a 7). Que chora junto. (1 Sm. 20. 41).
Somente quem tem consciência da própria identidade em Cristo, e, amor próprio dá conta de tão grande despojamento!
Para Richard Dawkins a atitude de Jônatas por Davi seria inconcebível e não pragmática, pois o altruísmo puro e simples não existe para o autor. Estaríamos condenados a viver em ciclos, buscando suprir necessidades ou desejos através de nossos relacionamentos. Mesmo quando sabemos que esta não é a melhor escolha a ser feita, nos sujeitamos, somos permissivos, manipulamos ou nos subjugamos a circunstâncias incomuns e até humilhantes para desfrutarmos de um benefício fugaz, uma inebriante sensação de bem estar.
Em contrapartida, para Jesus, o amor abnegado é possível e eficaz, sendo inclusive um mandamento! (Lucas 10.27) E diz a palavra que os mandamentos de Deus não são penosos... (1 João 5.3)
Como porém, não ser penoso escolher não por em prática um desejo por alguém em razão da sua ilicitude?
Penso que assim como todas as situações da vida cristã, somente a partir da Graça.
A Graça nos faz amar além da carne! A Graça nos faz priorizar a parceria, a lealdade, a confiança e o respeito mútuo em uma relação, no lugar da sedução e da sensualidade inflamada. A Graça nos faz querer Deus entre eu e meu amigo(a). A Graça nos liberta das cadeias cíclicas de nossos vorazes, antigos e crônicos apetites. A Graça nos leva a ambicionar algo maior e melhor do que nós mesmos.
Permita que o jugo da dependência afetiva ou da luxúria se instalem numa amizade e gradativamente os demais elementos, (parceria, lealdade, confiança, respeito e outros), tão legitimamente prazerosos, se perderão como areia entre os dedos das mãos.

Caminhos opostos, estradas antagônicas!

Davi aprendeu com o príncipe Jônatas a possibilidade e o valor do amor altruísta (Graça) e quando teve oportunidade demonstrou gratidão retribuindo na pessoa de Mefibosete, seu filho. (2 Samuel 9)
Diante destes exemplos devemos interrogar não o que queremos em uma amizade mas... o que estamos dispostos a oferecer?

Qual a proposta para nossas relações?

a) Saciar nossas expectativas infantis ou oferecermos amor gracioso?
"Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino." (1 Cor. 13.11)
b) Adotar a autocrítica e a maturidade como posturas diárias para a nossa vida, visando atingir o alvo de uma amizade a três?
"... eis que o Senhor está entre mim e ti, para sempre."
(1 Sm. 20. 23)
Quando Deus está no centro da amizade, nossa busca é que nossos atos sejam motivados e focados nEle e em sua vontade e não em nós e em nossa vontade, o que muda completamente a perspectiva da relação.
Que Deus nos abençoe, dando-nos  poder, graça e misericórdia para caminharmos com triunfo em nossos relacionamentos. Alguns amigos, poderão confundir e buscar o eros em nós. Nós, poderemos confundir e buscar o eros em nossos amigos. Nestes momentos, lembre-se: você sempre poderá contar com a Graça. Acredite, Ela faz diferença!


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[1] O gene egoísta, Ed. Cia das Letras....`o indivíduo é como uma máquina egoísta, programada para fazer o que for melhor para seus genes como um todo...por mais que desejemos acreditar no contrário, o amor universal e o bem-estar da espécie como um todo são conceitos que simplesmente não fazem sentido do ponto de vista evolutivo.´
[2] Autocrítica é o processo de análise crítica de um indivíduo (ou, coletivamente, de uma sociedade ou instituição) sobre seus próprios atos, considerando principalmente os erros que eventualmente tenha cometido e suas perspectivas de correção e aprimoramento.


Débora Fonseca
www.luznanoite.com.br
Coordenadora do Ministério Luz na Noite desde 2001

Débora Fonseca: Perdão, aceitação e Limites.

Perdão, aceitação e Limites.O cordão de três dobras da restauração!



Se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras não se rebenta com facilidade. (Ec.4.12)
Coordenando um ministério de apoio aos que praticam a homossexualidade, já há 12 anos, aproximadamente, percebo que, os obstáculos à vivência de uma sexualidade, tal como projeto de Deus, possuem, invariavelmente, um pano de fundo marcado por intenso sofrimento.
Sofrimento por conta de uma família que gera mas não ama, não cuida, não protege. Em muitos momentos, ela própria é a causadora das violências, dos maus tratos, das negligências e de diversos tipos de abusos contra o indivíduo que ingressa no mundo carente de amparo, proteção, referência e identidade.
Entendo que, para cada sujeito que é concebido, é dado por Deus a potencialidade de ser - humano. Esta potencialidade se expressa nas características transmitidas, entre elas, a sexualidade. É preciso porém, muito mais do que anatomia e fisiologia para se definir este traço da identidade, a sexualidade.
É preciso que as influências do meio declarem, afirmem e validem através de ações positivas e afetivas o ser que se constrói.
Quando isto não acontece, o sofrimento penetra no espaço vazio gerando confusões de toda ordem. Há momentos que o agente de tal sofrimento se dá por ingerência externa à família. Ainda assim, se o lar é espaço de refúgio, consolo e comunicação, tragédias podem ser melhores elaboradas. Tal não acontece naqueles lares em que o silêncio e a rigidez não permitem a sangria do coração dilacerado.
A questão que se põe agora é: como lidar com o sofrimento instalado?
Como, o ser, potencialmente destruído, pode reagir à vida que lhe ofendeu, insultou, esbofeteou, dilacerou, violentou, roubou sua inocência em sucessivas etapas do desenvolvimento e do crescimento físico, emocional, moral e espiritual?
Penso que,
A primeira reação é o perdão.
Perdão não é algo simples. Também não considero que seja algo humano, mas divino. Somente Deus pode nos capacitar a liberar da culpa, do julgamento e da condenação aqueles que nos feriram.
O perdão é também, uma perda grande. Precisamos perder para perdoar. Precisamos perder muito. Perder nosso orgulho, nosso desejo por vingança ou simplesmente por justiça. Perder nosso medo de sermos feridos novamente, nossa amargura, nosso papel passivo da vítima frente ao mundo. Precisamos nos esvaziar de todos estes empecilhos e entregá-los com nossos algozes aos pés da cruz.
A segunda reação é a aceitação.
Fomos tão insultados, tão ofendidos, tão magoados, tão rejeitados, que, possivelmente agora seja este o tratamento que damos a nós mesmos. Aprendemos a amar e aprendemos também a rejeitar... pasmem, a nós mesmos!
No entanto, Cristo nos desafia ao amor próprio, à valorização de quem somos em todos os aspectos e atributos físicos, intelectuais, e pessoais. `Ama ao próximo como a ti mesmo´ já diz o mandamento. Não ambicione ser outra pessoa, seja ela real ou virtual. Seja você mesmo! Faça as pazes consigo. 
A terceira reação está na colocação de limites.
Limites que demonstrem e validem quem somos. Não somos o insulto, o perjúrio. Somos quem Deus criou para sermos!
E se continuamos permitindo, de algum modo, ataques à nossa personalidade, seja pelas vozes que ainda ecoam em nossa mente, seja pela ação de antigos ou novos opressores, precisamos de coragem para apresentarmos e validarmos quem de fato somos diante deles.
Jesus nos convoca a respondermos sim sim, mas também não, não.
- NÃO! Não sou esta ofensa! E não aceito nem concordo que me trate desse modo!
Creia, você não é mais a criança indefesa. Há coragem, força e maturidade dentro de si, para dizer o não e bancá-lo. Creia em Deus, e na autonomia que Ele te dotou para conhecer-se, demarcar e manter limites saudáveis. Lembre-se porém, que nem todos fazem parte da turba dos opressores. Não diga não para todos!
Concluindo,
Parafraseando Eclesiastes 4.12, cada uma destas reações representa uma dobra do cordão. O cordão é uma corda fina. Algo que pode rebentar com facilidade. Reagir ao sofrimento com o perdão será divino, mas é necessário avançar aceitando-se. Reagir ao sofrimento com o perdão e a aceitação será excelente, mas é preciso também estabelecer limites saudáveis nos relacionamentos.
Com estas três dobras operando, quase que simultaneamente, o rompimento do cordão, ou seja, de sua caminhada rumo à restauração, se dificultará e oscilará cada vez menos.
A restauração da identidade e da sexualidade, são processos muitas vezes longos e espinhosos. Para que haja resistência e esperança ao longo da jornada é preciso cultivar, com constância, a arte de perdoar, de aceitar-se e de estabelecer saudáveis limites nos relacionamentos.
Que o Senhor te abençoe e te capacite a cuidar do seu cordão!


Débora Fonseca
www.luznanoite.com.br
Coordenadora do Ministério Luz na Noite desde 2001